Luto, presença e a  jornada da ressignificação no Dia dos Pais

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A vida nos apresenta diversas formas de "perda". Quando falamos da ausência paterna, tocamos em uma dimensão complexa do luto. 

Não se trata apenas da dor do funeral e da despedida de um pai que partiu. 

É também sobre o pai que nunca se fez conhecer; o que esteve fisicamente presente, mas emocionalmente distante; ou aquele que não assumiu a paternidade plena, deixando um vazio na memória e no coração dos filhos.

Segundo estudos e observações sociais, um número significativo de crianças no Brasil cresce sem o reconhecimento legal do pai, um reflexo tangível dessa realidade. 

Essa lacuna, porém, não define o destino de ninguém. Ela é um ponto de partida para uma profunda jornada de autoconhecimento e ressignificação.

O Que a Ausência Ensina?

A ausência de um pai pode gerar saudade do que não foi vivido, questionamentos sobre identidade e, por vezes, um senso de perda irrecuperável. 

No entanto, é nesse terreno, muitas vezes árido, que a resiliência floresce. 

Como nos ensina a escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, que passou por um período de luto após a morte de seu pai durante a pandemia e abordou essa experiência em seu livro "Notas sobre o Luto”. 

Em suas reflexões sobre a força e a identidade, é possível construir narrativas de vida poderosas mesmo diante de lacunas. 

“O luto é um tipo cruel de educação.”, diz um trecho do livro.

A busca por quem somos, em vez de ser definida pelo que nos falta, pode ser um caminho para descobrirmos nossa própria completude.

A ausência paterna nos força a olhar para dentro, a buscar a presença em outras fontes: em mães guerreiras, em avós, tios, padrinhos, mentores ou até mesmo em figuras de inspiração que surgem ao longo da vida. 

Essa "rede de apoio" é fundamental para a saúde mental e para a construção de uma base emocional sólida.

Encontrar novos caminhos à paternidade

Para os filhos: a ressignificação da ausência paterna é um ato de autocompaixão e poder. Não é sobre esquecer, mas sobre transformar o significado dessa falta. Encontrar a beleza na própria jornada, aceitar as vivências e aprender com elas é um passo essencial.

Busque sua própria paternidade: você pode ser o "pai" ou a "mãe" que precisa para si mesmo, cuidando de suas emoções, construindo sua identidade e buscando o bem-estar.

Perdão (para si e para o outro): o perdão, muitas vezes, é um presente que damos a nós mesmos, libertando-nos do peso de mágoas passadas. Não significa aceitar ou justificar a ausência, mas sim soltar as amarras que prendem o coração.

Crie suas próprias tradições: o Dia dos Pais pode ser uma oportunidade para celebrar as figuras masculinas positivas em sua vida, ou simplesmente para honrar a si mesmo e a sua história.

Para os pais (vivos, mas ausentes ou em transformação): para os pais que reconhecem sua ausência passada, a ressignificação pode ser um caminho de reparação e construção de um novo legado. A paternidade é uma jornada contínua de aprendizado.

Ouvir e tentar entender: o primeiro passo é reconhecer o impacto de suas ações ou ausências.

Buscar conexão: Mesmo que tardia, a busca por uma conexão sincera pode iniciar um processo de cura e transformação.

Ser o pai que você pode ser agora: escritor irlandês C.S. Lewis, em suas obras, aborda a redenção e a busca por um caminho mais virtuoso. Nunca é tarde para buscar ser a melhor versão de si mesmo e construir um futuro diferente.

Celebrando a vida e a resiliência 

Mulher chorando após dia dos pais reflexivo, lidando com a ausência

A semana do Dia dos Pais é um momento para reflexão e celebração. 

Para alguns, é uma festa alegre e cheia de presença. Para outros, é um período para processar a saudade e a ausência. Ambas as realidades são válidas e merecem espaço.

O mais importante é nutrir a saúde mental, buscar apoio profissional quando necessário e lembrar que você não está sozinho (a) nessa jornada. 

A memória de quem partiu e a força de quem se reconstrói são legados poderosos. 

O luto da ausência, seja ele qual for, pode ser um portal para um novo entendimento sobre si e sobre a capacidade humana de amar, perdoar e viver plenamente.

Nós do Grupo OSAB, especialistas em assistência funerária e familiar na Bahia, entendemos que o suporte se estende para além do velório e do funeral. 

Estamos aqui para oferecer acolhimento humanizado e ajudar famílias a navegar por todas as formas de perda e a encontrar caminhos de esperança e ressignificação.

Seja qual for a sua história com a figura paterna, que este Dia dos Pais seja um convite à paz, ao acolhimento e à celebração da sua própria força.

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